domingo, 30 de outubro de 2016

NEUROPATIAS DOS PÉS

         As neuropatias dos pés podem ser divididas em duas principais categorias: polineuropatias e mononeuropatias. A polineuropatia dos pés é predominantemente uma neuropatia sensitiva.
         A neuropatia sensitiva distal dos pés é uma das causas da  síndrome dos pés queimando. Outra causa para essa síndrome sensitiva é a fasciíte plantar. É comum e geralmente benigno no paciente idoso, caracterizado por sensação dolorosa e parestesisa simétrica nos pés e pernas. O acometimento de fibras sensitivas amielínicas  (fibras C) e fibras mielínicas finas é a característica mais marcante, podendo o acometimento de fibras mielínicas grossas A Beta e A alfa (responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva, sensibilidade vibratória, reflexos miotáticos e força muscular. A causa mais comum é Diabetes Mellitus e Intolerância a Glicose. Outras causas mais comuns são: Gamopatia Monoclonal, Deficiência de Vitamina B12 e Doenças Reumatológicas. O estudo de Neurocondução de nervos sensitivos evidenciou anormalidades em até 74% dos pacientes em longas séries. Achados normais em todos os testes são relatados em até 14% dos estudos.
           A neuropatia de fibras finas é uma variante da Neuropatia Sensitiva Distal, caracterizando por dor, disestesias  e perda da sensibilidade dolorosa por estímulos finos e pontiagudos. As sensibilidades vibratória e proprioceptiva, e os estudos neurofisiológicos de condução motora e sensitiva estão normais. Assim, o diagnóstico de Neuropatia de Fibras Finas é feito quando os estudos de Neurocondução estão normais, com características dolorosas típicas mencionadas acima. As causas são semelhantes: Diabetes mellitus, Intolerância a glicose, deficiência de vitamina B12, vasculites e Artrite reumatóide, além de hipotireoidismo.
           O tratamento inclui além de tratar a causa básica se diagnosticado. O tratamento sintomático com antidepressivos e anticonvulsivantes. Causas raras de doenças imunológicas tem resposta terapêutica favorável com imunoterapia. O principal desafio é o controle eficaz da dor neuropatia.
           Entre as mononeuropatias, temos a Neuropatia do Nervo Tibial Posterior,  Neuropati Plantar Lateral, Neuropatia Calcâneo Inferior, Neuropatia Calcâneo Medial, Neuropatia Interdigital (neuroma de Morton), Neuropatia Plantar Medial; Outras mononeuropatia incluem do Nervo Sural e do Nervo Tibial anterior.
            A eletroneuromiografia tem papel fundamental para caracterizar e definir esses subtipos que causam sintomas dolorosos nos pés, de origem neurológica.

NEUROPATIAS DOS PÉS

         As neuropatias dos pés podem ser divididas em duas principais categorias: polineuropatias e mononeuropatias. A polineuropatia dos pés é predominantemente uma neuropatia sensitiva.
         A neuropatia sensitiva distal dos pés é uma das causas da  síndrome dos pés queimando. Outra causa para essa síndrome sensitiva é a fasciíte plantar. É comum e geralmente benigno no paciente idoso, caracterizado por sensação dolorosa e parestesisa simétrica nos pés e pernas. O acometimento de fibras sensitivas amielínicas  (fibras C) e fibras mielínicas finas é a característica mais marcante, podendo o acometimento de fibras mielínicas grossas A Beta e A alfa (responsáveis pela sensibilidade proprioceptiva, sensibilidade vibratória, reflexos miotáticos e força muscular. A causa mais comum é Diabetes Mellitus e Intolerância a Glicose. Outras causas mais comuns são: Gamopatia Monoclonal, Deficiência de Vitamina B12 e Doenças Reumatológicas. O estudo de Neurocondução de nervos sensitivos evidenciou anormalidades em até 74% dos pacientes em longas séries. Achados normais em todos os testes são relatados em até 14% dos estudos.
           A neuropatia de fibras finas é uma variante da Neuropatia Sensitiva Distal, caracterizando por dor, disestesias  e perda da sensibilidade dolorosa por estímulos finos e pontiagudos. As sensibilidades vibratória e proprioceptiva, e os estudos neurofisiológicos de condução motora e sensitiva estão normais. Assim, o diagnóstico de Neuropatia de Fibras Finas é feito quando os estudos de Neurocondução estão normais, com características dolorosas típicas mencionadas acima. As causas são semelhantes: Diabetes mellitus, Intolerância a glicose, deficiência de vitamina B12, vasculites e Artrite reumatóide, além de hipotireoidismo.
           O tratamento inclui além de tratar a causa básica se diagnosticado. O tratamento sintomático com antidepressivos e anticonvulsivantes. Causas raras de doenças imunológicas tem resposta terapêutica favorável com imunoterapia. O principal desafio é o controle eficaz da dor neuropatia.
           Entre as mononeuropatias, temos a Neuropatia do Nervo Tibial Posterior,  Neuropati Plantar Lateral, Neuropatia Calcâneo Inferior, Neuropatia Calcâneo Medial, Neuropatia Interdigital (neuroma de Morton), Neuropatia Plantar Medial; Outras mononeuropatia incluem do Nervo Sural e do Nervo Tibial anterior.
            A eletroneuromiografia tem papel fundamental para caracterizar e definir esses subtipos que causam sintomas dolorosos nos pés, de origem neurológica.

domingo, 21 de agosto de 2016

NEUROPATIA MOTORA MULTIFOCAL

            Neuropatia Motora Multifocal é uma rara doença com uma prevalência de 1 a 2 por 100.000 habitantes. O reconhecimento e diagnóstico preciso é de extrema importância por ser tratado de forma eficaz com terapias imunomoduladoras, e pode ser confundido com Esclerose Lateral Amiotrófica que tem um prognóstico ruim de sobrevida. 
        É uma neuropatia relacionada com anti-corpos anti-GM1 com uma resposta terapêutica    favorável com uso de Imunoglobulina Humana. O início é insidioso, assimétrico, geralmente acometendo nervos isoladamente, com a fraqueza se iniciando em mãos e antebraços. É mais comum em homens que em mulheres, iniciando-se entre 20 e 50 anos de vida. O  nervo hipoglosso que inerva a língua pode ser afetado. A atrofia muscular não é tão proeminente em relação ao grau de fraqueza dos músculos acometidos. O nível de proteína do Líquor é geralmente normal, mas pode ser elevada em um terço dos pacientes sem exceder 100 mg/dl.
              Critérios Principais para o diagnóstico: 1) Fraqueza lenta e progressiva em membro    na distribuição de pelo menos dois nervos distintos, por mais que um mês, sendo geralmente mais que 6 meses; 2) Bloqueios de condução em nervos motores  em sítios não comuns de compressão; 3) Ausência de perda sensorial; 4) Neurocondução sensitiva normal em pelo menos 3 nervos  ao longo dos mesmos segmentos que demonstraram bloqueio de condução.
                  Critérios de Suporte: 1) Envolvimento predominante em membro superior; 2) Ausência de comprometimento de nervos cranianos (exceto o XII-nervo hipoglosso); 3) Cãimbras e fasciculações; 4) Reflexos miotáticos ausentes ou reduzidos; 5) níveis elevados de anticorpos anti-GM1 igM; 6) hipertrofia de nervos nos sítios de bloqueio de condução; 6) Melhora clínica com uso de imunoglobulina humana.
         Critérios de Exclusão: 1) Sinais de comprometimento de neurônio motor   superior (espasticidade, clonus, paralisia pseudobulbar, resposta extensora plantar; 2) Envolvimento bulbar importante; 3) Perda sensorial objetiva, exceto perda da sensação vibratória nas pernas; 4) Fraqueza muscular simétrica nos estágios iniciais; 5) Elevação de proteínas no Líquor (acima de 1g/L).
           


domingo, 12 de junho de 2016

DOENÇA DO NEURÔNIO MOTOR - ESCLEROSE LATERAL AMIOTRÓFICA E VARIANTES

O espectro de síndromes degenerativas que afetam o neurônio motor incluem:
1) Esclerose Lateral Amiotrófica- Forma clássica
2) Paralisia Bulbar Progressiva;
3) Atrofia Muscular Progressiva (Forma do neurônio motor inferior);
4) Esclerose Lateral Primária (Forma do neurônio motor superior);
5) Diplegia Amiotrófica Braquial/ Diplegia Amiotrófica Crural- Acometimento exclusivo de braços ou pernas;
6) Esclerose Lateral amiotrófica com envolvimento multi-sistêmico.
Epidemiologia:
Forma Clássica é a mais comum, mais de 70% dos casos, manifestando-se  na faixa etária de 55-65 anos; Menos de 5% antes dos 30 anos de idade. Incidência de 1,5:1, relação homem para mulher.
A forma Bulbar Progressiva é mais comum em mulheres e em idade maior (43% dos casos acima de 70 anos), correspondendo a 20 % de todos os casos
Patologia:
Neurônio motor superior- Degeneração das células de Betz no córtex motor, gliose de neurônios afetando substância cinzenta e branca, degeneração axonal  das vias piramidais como mielina dos tractos.
Neurônio motor inferior- Degeneração de neurônios do corno anterior da medula e do tronco cerebral, sem acometer o núcleo de neurônios de Onuf a nível de S2 (responsável por controle esfincteriano) e núcleo oculomotor (preservando o movimento ocular).

Manifestações Clínicas:
Forma Clássica- Início insidioso e assimétrico de fraqueza muscular, de membro superior ou inferior; Curso progressivo de uma região para outra; Atrofia muscular focal, com fasciculações e caimbras; Disartria (dificuldade em articular palavras) geralmente precedendo a Disfagia (dificuldade para deglutição); Sintomas pseudobulbar (choro sem motivo, labilidade emocional).
O diagnóstico é realizado através de critérios clínicos e fortalecidos por achados da eletroneuromiografia- EI ESCORIAL CRITERIA REVISADO e AWAJI CRITERIA (2008).
Estudos de imagem (Ressonância Magnética) ajudam a excluir outras causas, sendo a Mielopatia Espondilótica Cervical a causa mais comum no diagnóstico diferencial.
Na Eletroneuromiografia, observa-se atividade de desinervação (fibrilações/ ondas agudas positivas e fasciculações) no repouso; Evidência de reiteração com amplitude alargada, duração aumentada e padrão polifásico, além de redução de recrutamento.
Ultrassonografia em estudo publicado em 2011(Misawa, S. et al), demonstrou uma sensibilidade maior para evidenciar fasciculações em músculos aparentemente assintomáticos.


domingo, 6 de março de 2016

SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉ E ZIKA VÍRUS: ASPECTOS DIAGNÓSTICOS

         Estudo publicado na Revista Lancet em 29 de fevereiro de 2016, realizado na Polinésia Francesa, relatou que entre outubro/2013 e abril/2014, período da maior epidemia até então documentada do vírus Zika, foi registrado um aumento significativo da Síndrome de Guillain-Barré. Dos 42 pacientes diagnosticados com Síndrome de Guillain-Barré, todos apresentavam anti-corpos IgM ou IgG contra o vírus Zika, e 88% destes com IgM, haviam apresentado sintomas de infecção pelo vírus, antes do início do quadro neurológico. Este estudo não apenas confirma a relação entre a infecção pelo vírus Zika e a Síndrome de Guillain-Barré, como evidencia a forma mais comum de apresentação dessa síndrome relacionada a infecção por este vírus (Neuropatia Axonal Motora Aguda).
         A atual epidemia do vírus Zika na América Latina representa a maior já registrada dessa infecção. Em 1 de fevereiro de 2016, a Organização Mundial de Saúde havia declarado a suspeita de ligação entre a infecção desse vírus e distúrbios neurológicos e malformações neonatais (microcefalia).
         Os sintomas descritos da infecção pelo vírus Zika incluem: surto agudo de febre leve a moderada, rash maculopapular (vermelhidão na pele), dores musculares e articulares, dor de cabeça e conjuntivite não purulenta (olho vermelho). Os sintomas duram de dias a uma semana, após a picada do mosquito infectado Aedes Aegypti (vetor comum de transmissão dos vírus da Febre Amarela, Chikungunya e Dengue). Em até 75% dos pacientes infectados não desenvolvem sintomas. A primeira infecção humana relatada aconteceu na Nigéria em 1954. Em março de 2015, foi registrado o primeiro caso no Brasil, e a epidemia foi declarada 6 meses depois, espalhando por mais de 25 países na América do Sul e Central. A relação com o aumento de casos de Síndrome de Guillain-Barré representa um grave problema de saúde pública.
             A Síndrome de Guillain-Barré (SGB) é uma doença inflamatória aguda dos nervos periféricos que pode levar a paralisia respiratória, disfunção autonômica e dificuldade de deglutição. Os sintomas podem ser leves, com discreta fraqueza em membros inferiores, não incapacitante, até quadros graves com necessidade de suporte respiratório, e paralisia de pernas e braços. Os sintomas iniciais podem ser inespecífico, e as alterações clássicas de aumento da proteína no Líquor com baixa celularidade (dissociação proteína-citolítica) ocorrem a partir da segunda semana em 1/3 dos pacientes. O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento e melhorar a evolução em muitos casos. Um estudo publicado na Clinical Neurophysiology em 2014, realizado na França, evidenciou os mais frequentes parâmetros na Eletroneuromiografia, alterados na primeira semana da Síndrome de Guillain-Barré: a ausência do Reflexo H (97% dos  casos), redução da velocidade de condução motora e aumento da latência distal  de nervos motores. Os critérios propostos para o diagnóstico na eletroneuromiografia foram: 1) Aumento da latência distal em 125% acima do limite normal em um nervo; 2) Redução em 80% da velocidade de condução de nervo motor (limite inferior da normalidade); 3) Ausência da onda F em pelo menos um nervo ou aumento da latência mínima em 120%; 4) Bloqueio de Condução   definido por redução em 30% da amplitude entre o estímulos distal e proximal; 5) Dispersão Temporal; 6) Padrão de preservação da neurocondução do nervo sural, com anormalidade sensitiva em membros superiores, sendo a redução da amplitude o padrão mais comum.



sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

SÍNDROME DO TÚNEL DO CARPO VERSUS TENDINOPATIA

A Síndrome do Túnel do Carpo (STC) ocorre quando o principal nervo no punho sofre compressão ou lesão, no trajeto do nervo Mediano através de uma área de osso e cartilagem chamado túnel do carpo. Os primeiros sintomas são leve queimação, dormência e formigamento nos dedos (sem comprometer o V dedo). Com a progressão da compressão, os sintomas pioram, tornando a dormência e dor permanente, irradiando para antebraço, braço e até ombro, causando fraqueza na mão e até atrofia da musculatura. Entretanto,  a STC é muito menos comum como se imagina. Apesar de se associar com trabalhadores  de escritório, um estudo de 2001, realizado pela Mayo Clinic, revelou que até 7 horas de uso de computador não aumentaria o risco dessa condição de se desenvolver. É mais frequente em mulheres, e algumas doenças sistêmicas ou condições clínicas podem contribuir para o desenvolvimento.

A Tendinopatia é uma condição muito mais comum de causa de dor em punho, antebraço e até ombro, podendo também causar sensação desagradável de dormência e fraqueza. Os tendões são estruturas resistentes que funcionam como cordões conectando músculos a ossos, para realização do movimento. Quando submetidos ao uso excessivo, podem sofrer processos de desgaste e inflamação, causando sintomas que se assemelham a Síndrome do Túnel do Carpo. Geralmente a dor ocorre mais na parte posterior da mão e antebraço. 

O diagnóstico preciso dessas duas condições é muito importante. O tratamento cirúrgico de descomprimir o nervo mediano no punho para os casos refratário  de Síndrome do Túnel do Carpo,(geralmente indicado para os casos moderados a grave), não terá efeito algum nos casos de Tendinopatia.

Pacientes com Tendinopatia com sintomatologia importante podem não apresentar anormalidades na Eletroneuromiografia, ou alterações discretas relacionadas a uma Síndrome do Túnel do Carpo leve. A Eletroneuromiografia continua sendo o exame padrão ouro para o diagnóstico  e avaliação da gravidade da Síndrome do Túnel do Carpo. 
Exames de imagem como Ultrassonografia e Ressonância podem revelar alterações estruturais nos casos de Tendinopatias.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

PLEXOPATIA BRAQUIAL AGUDA, SÍNDROME DA AMIOTROFIA NEURÁLGICA, PLEXOPATIA BRAQUIAL IDIOPÁTICA, SÍNDROME DE PARSONAGE-TURNER

        Denominações comuns da mesma patologia, manifesta-se por dor e fraqueza da parte superior do braço, de início abrupto, geralmente acordando o paciente a noite. A dor não se exacerba com a manobra de Valsava (tossir, espirrar) que acontece nas compressões de raízes por hérnias discais. A dor mais intensa dura em média 7 a 10 dias, mas a fraqueza com evidências nítidas de perda de massa muscular persiste por semanas a meses. O quadro pode se manifestar por acometimento de vários nervos (podendo envolver completamente o plexo braquial) ou de forma mais isolada, com comprometimento de poucos  nervos.
        Os nervos mais acometidos em ordem de frequência são: torácico longo,  supraescapular, axilar, músculo cutâneo, interrósseo anterior (ramo motor do nervo mediano) e frênico. 
    O prognóstico a longo prazo é favorável, com recuperação plena em poucos meses, com recorrência de 1-5%. Fraqueza permanente pode ocorrer em alguns músculos, quando se evidencia desinervação importante na Eletroneuromiografia. Os achados na Eletroneuromiografia mais  evidentes para o diagnóstico são: 1- Desinervação de vários músculos de inervação diferentes do manguito rotador no ombro; 2- Mononeuropatia proximal do nervo mediano (nervo interósseo anterior), sem comprometimento distal da musculatura tenar; 3- Ausência de potenciais sensitivos do nervo cutâneo lateral do antebraço; 4- Sinais de desinervação de um ou mais músculos inebriados por um nervo específico, sem envolvimento ou mínimo comprometimento, de outros músculos inervados pelo mesmo nervo.
      O diagnóstico diferencial é amplo, incluindo radiculopatias, plexopatias traumáticas, lesões de nervos intraoperatório, neuropatias compressivas, lesões do manguito rotador do ombro, e uma forma rara de neuropatia de plexo braquial hereditária  de traço autossômico dominante, ligado a uma mutação do braço longo do cromossomo 17q25. A Ressonância Magnética não ajuda no diagnóstico específico.

          

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

SÍNDROME DO DESFILADEIRO TORÁCICO

A Síndrome do Desfiladeiro Torácico é caracterizada por compressão da artéria subclávia, veia subclávia, ou plexo braquial, separadamente ou, raramente em combinação. A compressão pode resultar em síndrome vascular ou neurogênica, dependendo da estrutura envolvida.
A síndrome neurogênica clássica é geralmente causada por uma banda fibrosa que se origina de uma costela rudimentar cervical ou um processo transverso alongado e se insere na parte proximal da primeira costela, com manifestações clínicas e eletroneuromiográficas de  comprometimento do tronco inferior do plexo braquial, particularmente as fibras anteriores de T1. A manifestação mais comum é atrofia e fraqueza dos músculos da região tenar da mão, menor comprometimento da região hipotenar, e perda sensorial da parte medial do braço, antebraço e mão. É uma síndrome rara e afeta principalmente jovens ou mulheres de meia idade. Os principais diagnósticos diferenciais são entre síndrome do túnel do carpo, neuropatia do nervo ulnar no cotovelo, plexopatia braquial pós-esternotomia, radiculopatias de C8 e T1.
A síndrome do desfiladeiro torácico não específica é diagnosticado com mais frequência, porém mais controversa, pois sintomas sensoriais subjetivos e dor dominam o quadro clínico, sem sinais eletroneuromiográficos ou neurológicos objetivos. Três sítios de compressão são prováveis:  músculo escaleno anterior, síndrome costoclavicular (entre a primeira costela e a clavícula) e síndrome da hiperabdução (entre o tendão do m. peitoral menor e primeira costela ou clavícula).
A eletroneuromiografia é o mais útil e preciso  método diagnóstico da Síndrome Neurogênica Clássica do Desfiladeiro Torácico, com manifestações crônicas de compressão com perda axonal do plexo braquial inferior, principalmente fibras de T1, fibras sensitivas do nervo ulnar, todas as fibras motoras do nervo ulnar, e fibras motoras do tronco inferior do nervo mediano C8/T1, além de potenciais sensitivos com baixa amplitude ou ausente do nervo cutâneo medial do antebraço, que se origina diretamente do cordão medial do plexo braquial e inerva a pele medial do antebraço. O estudo da agulha irá evidenciar redução de recrutamento e sinais de desinervação nos miótomos de T1>C8.

NEUROPATIA DO NERVO CIÁTICO- ASPECTOS ANATÔMICOS E CLÍNICOS

Originado das raízes de L4, L5, S1 e S2, o nervo ciático é composto de divisões lateral  (nervo fibular comum) e medial (nervo tibial), envolvidos por uma bainha comum. Em indivíduos saudáveis, passa embaixo do músculo piriforme (que é coberto pelo músculo glúteo máximo) em até 90% dos casos, enquanto a divisão lateral passa sobre ou através desse músculo. Lesões no nervo ciático na pelve ou parte superior da coxa afeta geralmente a divisão lateral (nervo fibular comum) com maior gravidade, que a divisão medial (nervo tibial), por características anatômicas ( O nervo fibular é mais fixo e tem menos tecido conjuntivo de proteção). Próximo da fossa poplítea (terço inferior da coxa, parte posterior), o nervo ciático se divide nos ramos terminais principais, acima citados. O ramo lateral, cursa em torno da cabeça da fíbula,  dividindo-se em ramos superficial e profundo. Antes de se dividir, o nervo fibular comum inerva a cabeça curta do músculo bíceps femural.  O nervo fibular superficial inerva os músculos peroneal longo e curto, e os dois terços inferior lateral da perna  e dorso do pé. O nervo fibular profundo  é essencialmente motor, e inerva todos os músculos extensores  (tibial anterior, extensor profundo dos dedos curto e longo, extensor do hálux e a região da pele entre o I e o II dedos. Todos os músculos posteriores da coxa  (exceto a cabeça curta do m. bíceps femural), e os músculos flexores da perna e pé são inervados pelo nervo tibial.
As lesões do nervo ciático mais comuns são traumáticas, por ferimentos penetrantes, incluindo agulhas durante administração intramuscular na região glútea fora, do sítio recomendado, ou ferimentos por arma branca e armas de fogo. Lesões traumáticas pós cirurgias de quadril,  é uma causa não tão incomum, em pacientes submetidos a cirurgia sem monitorização intraoperatória. A manifestação clínica é variável, podendo ter déficits leves com maior comprometimento da divisão lateral, ou lesões graves, com perda de força da flexão e extensão do pé, e inversão ou versão do pé. A síndrome do músculo piriforme é um quadro que se assemelha a compressões de raízes que formam o nervo ciático, sem evidência de comprometimento radicular ao exame de Ressonância Magnética, comum em cerca de 10% dos pacientes que a divisão lateral passa por cima ou através do músculo piriforme. A Eletroneuromiografia nestes casos pode ajudar a definir o sítio de lesão e o prognóstico de recuperação. O termo normalmente referenciado como dor ciática ou neuropatia ciática, pelos pacientes, geralmente se trata de discopatias com comprometimento de raízes que formam o nervo ciático, e não um comprometimento direto do nervo na região da nádega.

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

NEUROPATIA DIABÉTICA - MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

As manifestações clínicas da neuropatia diabética são variáveis. Cerca de 66% dos pacientes com Diabetes  Mellitus tipo I (insulina-dependente) e 59% dos pacientes com Diabetes Mellitus tipo II (não-insulina dependente) desenvolvem algum tipo de neuropatia relacionado ao controle dos níveis de glicemia. Os mecanismos envolvidos podem ser metabólico, inflamatório, isquêmico ou compressivo, geralmente mais de um.
Aproximadamente 50% dos pacientes se manifestam com padrão de Polineuropatia sensitivo motor, seguido de Síndrome do Túnel do Carpo Assintomático em 25%, Síndrome do Túnel do Carpo Sintomático em 10%, Neuropatia Autonômica em 6%, e outros tipos em 3% ou mais (Radiculoplexopatias, outras mononeuropatias, Polineuropatia Desmielinizante Crônica Inflamatória do Diabetes), Neuropatias de par craniano.
A Polineuropatia Sensitivomotor do Diabetes é de curso insidioso, com padrão de perda sensorial simétrico iniciado nos pés, ascendendo proximalmente nas pernas. As mãos começam a ser afetadas quando a dormência atinge o nível dos joelhos, evidenciando um padrão dependente do comprimento das fibras. Fraqueza muscular é incomum, e normalmente leve. O diagnóstico diferencial é amplo, e inclui causas inflamatórias (Artrite Reumatóide, Síndrome de Sjogren e outras doenças reumatológicas), causas metabólicas (deficiência de vitamina B12 e cobre), causas tóxicas (metais pesados, medicações associadas), infecciosas (Doença de Lyme, HIV) e neuropatias associadas a proteinas  monoclonais).
A Neuropatia relacionada à  Intolerância a Glicose se manifesta em pacientes pré-diabéticos, e afeta fibras finas de Dor e Temperatura, sendo a dor tipo queimação característico, não tendo alterações na Eletroneuromiografia.
As Radiculoplexopatias do Diabetes são raras (cerca de 1%), sendo a manifestação lombossacra a mais comum, com quadro de dor unilateral, lancinante, em queimação, de início recente, seguido de fraqueza e perda sensorial. Pacientes podem ter dificuldade para se levantar da cadeira (comprometimento muscular proximal) ou déficit motor distal.
A Neuropatia Autonômica do Diabetes, geralmente associada a Polineuropatia Diabética dolorosa com acometimento de fibras finas, pode levar a hipotensão ortostática (queda de pressão com tontura e desmaio ao se levantar), comprometimento do esvaziamento gástrico (com refluxo gástrico) e disfunção erétil afetando a vida sexual. Os principais diagnósticos diferenciais são: amiloidose, neuropatias sensoriais hereditárias, neuropatias inflamatórias ou paraneoplásicas.
A importância da Eletroneuromiografia nos pacientes diabéticos é detectar precocemente manifestações de neuropatias mesmo naqueles assintomáticos, e definir o tipo de neuropatia envolvida, grau de comprometimento e tempo de evolução. Quando há envolvimento apenas de fibras finas de dor e temperatura, com manifestação principal de queimação nos pés, se recomenda fazer um teste de intolerância a glicose, para detectar os pacientes pré-diabéticos.