segunda-feira, 27 de abril de 2015

ELETRONEUROMIOGRAFIA EM CRIANÇA

Apesar dos princípios fundamentais serem os mesmos, para o estudo em crianças, alguns aspectos diferentes são fundamentais para realizar Eletroneuromiografia em crianças.
Primeiro Aspecto: Prevalência de Doenças Neuromusculares 
Enquanto em adultos, as principais doenças diagnosticadas pela Eletroneuromiografia são radiculopatias, polineuropatias e neuropatias compressivas (Síndrome do Túnel do Carpo). Nas crianças, as doenças hereditárias da unidade motora, incluindo desordens no corno anterior da medula (Atrofia Muscular Espinhal), nervo periférico (Charcot-Marie-Tooth) ou músculos (Distrofias Musculares), predominam. Em crianças, as neuropatias periféricas também ocorrem, mas são geralmente genéticas. Nos adultos são neuropatias adquiridas, geralmente tóxicas, metabólicas, inflamatórias ou associado a doenças pré-existentes.
Segundo Aspecto: Maturação: O que é normal para cada idade?
Ao avaliar a velocidade de condução de nervos, que depende do grau de mielinização, é importante ter o conhecimento que este processo é idade dependente. Começando na vida intra-útero, e que ao nascimento, a velocidade de condução está cerca de 50% da velocidade normal de adultos. Com um ano de vida, atinge 75% da velocidade normal do adulto, e se compara com o adulto por volta de 3 a 5 anos, quando a mielinização se completa. É comum, observar um aspecto bífido de ondas ao exame, que corresponde período de maturação de mielina diferente de fibras, até a idade de 4 a 6 anos. No estudo da onda F, deve-se avaliar o tamanho do membro estudado e a velocidade de condução para cada idade, comparando com tabelas estudadas avaliando estes fatores. Outro aspecto de extrema importância é a interpretação do tamanho das unidades motoras. No recém-nascido é normal potencias de unidade motora pequenos, sendo difícil diferenciar potenciais de ação de unidade motora normais dos miopáticos, sendo necessário a consulta de tabelas que relacionam a duração dos potenciais, idade e grupos musculares.
Terceiro Aspecto: Problemas Técnicos
Medir distâncias durante o estudo é um desafio. Pequenos erros, geram a interpretações falsas com maior frequência devido o menor tamanho dos membros estudados, quando se compara a dos adultos.
O uso de eletrodos adequados para criança são fundamentais para uma boa técnica de estudo. A proximidade dos nervos faz com que a estimulação simultânea seja comum, sendo importante utilizar estímulos baixos. Durante o estudo de captação por agulha, é comum picos de placa terminal serem confundidos com potenciais de fibrilação. Observar o padrão de disparo (regular versos irregular) e a deflexão inicial (positiva versos negativa) ajuda a diferenciar adequadamente potenciais de fibrilação de picos de placa terminal.
O grupo de idade de maior dificuldade está entre 2 e 6 anos. Considerar sedação com um Anestesista em um ambiente hospitalar pode melhorar os dados obtidos e o conforto da criança durante o exame.